quinta-feira, 2 de abril de 2009
Terá terminado a postura?
Aparentemente a postura parece estar completa, dado não ter surgido nenhum ovo hoje, como era de esperar. No entanto será melhor aguardar mais um ou dois dias para ter a certeza, pois o intervalo entre a postura de cada ovo pode não ser totalmente regular. Como disse numa mensagem anterior, as posturas mais frequentes são as constituídas por 3 ou 4 ovos, pelo que é possível que esteja completa. A incubação geralmente inicia-se próximo do final da postura, pelo que as crias normalmente não nascem dia sim dia não, sim num intervalo mais curto.
O que faz ali uma terceira cegonha-preta?
Boa tarde,
Estou de volta depois de uma estadia bastante produtiva no campo. Descobri 2 ninhos novos, de casais que não eram conhecidos e monitorizei cerca de 20 casais diferentes. A maioria dos casais está agora nas paradas ou a iniciar as posturas. Só havia 6 casais (incluindo o nosso) já a incubar. A época de nidificação está um pouco atrasada este ano.
Reparei nos comentários mais recentes que apareceu um 3º indivíduo. É algo bastante normal nesta fase, ou seja no período fértil da fêmea (chegam a ver-se 4 ou mesmo 5 juntas). Normalmente estes indivíduos "extra" são machos, que, ou não estão ainda emparelhados, ou tem a sua fêmea já a incubar no ninho e que andam a tentar obter umas cópulas extra-par. É um fenómeno bem conhecido no mundo animal. Do ponto de vista do macho extra-par, poder gerar descendência que fica ao cuidado de outros progenitores é vantajoso, pois maximiza o seu sucesso reprodutivo (cria as crias dele e da sua parceira e ainda pode obter filhos "extra" cuidados por outros progenitores). Do ponto de vista da fêmea, pode ser vantajoso obter genes de machos potencialmente melhores ou mais atractivos do que o seu. Do ponto de vista do macho do casal, é algo a evitar a todo o custo, pois só teria a perder em estar a cuidar de filhos que não sejam os seus. Daí os machos fazerem a "guarda-do-par" e seguirem as fêmeas para todo o lado nesta fase. Irão certamente reparar que depois da fêmea iniciar a incubação esta proximidade entre eles torna-se menos notória.
Muito pontualmente pode também tratar-se de um outro casal em busca de ninho e que possa tentar usurpar um já ocupado, mas isto parece ser muito raro na cegonha-preta.
Estou de volta depois de uma estadia bastante produtiva no campo. Descobri 2 ninhos novos, de casais que não eram conhecidos e monitorizei cerca de 20 casais diferentes. A maioria dos casais está agora nas paradas ou a iniciar as posturas. Só havia 6 casais (incluindo o nosso) já a incubar. A época de nidificação está um pouco atrasada este ano.
Reparei nos comentários mais recentes que apareceu um 3º indivíduo. É algo bastante normal nesta fase, ou seja no período fértil da fêmea (chegam a ver-se 4 ou mesmo 5 juntas). Normalmente estes indivíduos "extra" são machos, que, ou não estão ainda emparelhados, ou tem a sua fêmea já a incubar no ninho e que andam a tentar obter umas cópulas extra-par. É um fenómeno bem conhecido no mundo animal. Do ponto de vista do macho extra-par, poder gerar descendência que fica ao cuidado de outros progenitores é vantajoso, pois maximiza o seu sucesso reprodutivo (cria as crias dele e da sua parceira e ainda pode obter filhos "extra" cuidados por outros progenitores). Do ponto de vista da fêmea, pode ser vantajoso obter genes de machos potencialmente melhores ou mais atractivos do que o seu. Do ponto de vista do macho do casal, é algo a evitar a todo o custo, pois só teria a perder em estar a cuidar de filhos que não sejam os seus. Daí os machos fazerem a "guarda-do-par" e seguirem as fêmeas para todo o lado nesta fase. Irão certamente reparar que depois da fêmea iniciar a incubação esta proximidade entre eles torna-se menos notória.
Muito pontualmente pode também tratar-se de um outro casal em busca de ninho e que possa tentar usurpar um já ocupado, mas isto parece ser muito raro na cegonha-preta.
domingo, 22 de março de 2009
Qual a dimensão da postura, tempo de incubação e período de permanência das crias no ninho?
As cegonhas-pretas realizam posturas que variam entre 1 e 6 ovos, sendo as de 3 ou 4 ovos as mais frequentes. Posturas com 2 ovos são raras e as de 5 são pouco frequentes. posturas de 1 ou 6 ovos são extremamente raras, tendo estas últimas apenas sido observadas 2 vezes, nas populações da Europa de Leste (uma delas na Hungria).
O tempo de incubação varia entre os 34 e os 36 dias e as crias iniciam os primeiros voos normalmente entre os 60 e os 70 dias. Continuarão a utilizar o ninho para dormir e descansar durante mais uma ou duas semanas, antes de se deslocarem para as áreas de concentração pós-nupcial, que antecedem a migração para os locais de invernada.
O tempo de incubação varia entre os 34 e os 36 dias e as crias iniciam os primeiros voos normalmente entre os 60 e os 70 dias. Continuarão a utilizar o ninho para dormir e descansar durante mais uma ou duas semanas, antes de se deslocarem para as áreas de concentração pós-nupcial, que antecedem a migração para os locais de invernada.
Como se procede à marcação das cegonhas-pretas com anilhas de cor?
Em Portugal marcaram-se com anilhas de cor quase exclusivamente crias no ninho. As únicas excepções foram alguns jovens já voadores que deram entrada em centros de recuperação (situação que aconteceu no ano passado com uma das crias deste casal, mas que infelizmente não sobreviveu), por exemplo por se terem magoado na fase em que ainda tinham pouca segurança no voo, e uma ave adulta que foi capturada deliberadamente para que lhe fosse colocado um emissor de satélite no âmbito de um estudo efectuado para avaliar a perigosidade de uma linha eléctrica.
A marcação das crias é precedida de uma preparação bastante cuidada, no sentido de estudar qual a melhor e mais segura abordagem aos ninhos e apenas é efectuada numa "janela" de tempo em que não são demasiado pequenas para marcar, nem suficientemente grandes para haver o risco de tentarem fugir, atirando-se dos ninhos antes do que fariam numa situação natural. Este período, no caso da cegonha-preta, situa-se entre os 30 e os 40 dias.
A marcação das crias é precedida de uma preparação bastante cuidada, no sentido de estudar qual a melhor e mais segura abordagem aos ninhos e apenas é efectuada numa "janela" de tempo em que não são demasiado pequenas para marcar, nem suficientemente grandes para haver o risco de tentarem fugir, atirando-se dos ninhos antes do que fariam numa situação natural. Este período, no caso da cegonha-preta, situa-se entre os 30 e os 40 dias.
Como distinguir os sexos na cegonha-preta?
A cegonha-preta, como a cegonha-branca, apresentam um dismorfismo sexual muito reduzido, sendo o macho e a fêmea praticamente iguais. Há contudo algumas pequenas diferenças que podem ser utilizadas, principalmente quando as aves são vistas juntas, mas que nem sempre são conclusivas. Os machos são geralmente ligeiramente maiores que as fêmeas e apresentam maior extensão de vermelho em volta do olho. A forma do bico por vezes também é distinta sendo a mandíbula inferior do macho ligeiramente abaulada, enquanto que a da fêmea é, por norma, direita (que lhe confere um aspecto de adaga).
Mas estes caracteres geralmente não permitem atribuir o sexo às aves com segurança, nem para os olhos mais experientes e treinados, especialmente se os indivíduos forem observados sozinhos. Só através de análise molecular, por exemplo a uma pena ou a umas gotas de sangue, ou por observação de cópulas em casais em que existam aves marcadas com anilhas se pode ficar com a certeza absoluta.
Em Portugal o ICNB desenvolveu-se recentemente um estudo que pretendeu, entre outros aspectos, analisar a variabilidade genética da população e comparar a estrutura genética das cegonhas-pretas da Península Ibérica com as da Europa Central e de Leste, populações que estariam, aparentemente separadas geograficamente. As amostras recolhidas permitiram também conhecer o sexo de um grande número de crias, agumas das quais foram já encontradas como aves adultas reprodutoras. Não é o caso do macho do casal que estamos a seguir. O seu sexo foi conhecido através do comportamento, como muitos de vós puderam já comprovar repetidas vezes.
Os resultados
Mas estes caracteres geralmente não permitem atribuir o sexo às aves com segurança, nem para os olhos mais experientes e treinados, especialmente se os indivíduos forem observados sozinhos. Só através de análise molecular, por exemplo a uma pena ou a umas gotas de sangue, ou por observação de cópulas em casais em que existam aves marcadas com anilhas se pode ficar com a certeza absoluta.
Em Portugal o ICNB desenvolveu-se recentemente um estudo que pretendeu, entre outros aspectos, analisar a variabilidade genética da população e comparar a estrutura genética das cegonhas-pretas da Península Ibérica com as da Europa Central e de Leste, populações que estariam, aparentemente separadas geograficamente. As amostras recolhidas permitiram também conhecer o sexo de um grande número de crias, agumas das quais foram já encontradas como aves adultas reprodutoras. Não é o caso do macho do casal que estamos a seguir. O seu sexo foi conhecido através do comportamento, como muitos de vós puderam já comprovar repetidas vezes.
Os resultados
sexta-feira, 20 de março de 2009
Notícias sobre a cegonha-preta anilhada
Bom dia,
Pude confirmar recentemente, e contando com o apoio de um fiel seguidor do site, o Jorge, do Arneiro, a anilha da cegonha-preta marcada com anilha de cor. Trata-se de um indivíduo que nasceu em 1999, num ninho não muito distante das Portas de Ródão (a 11 km para ser mais exacto) e que foi marcada por mim como cria não voadora, numa ninhada composta por 4 crias. É um macho.
Como suspeitava, é o mesmo que se encontrava a nidificar naquele local desde 2003, ano em que o casal das Portas de Ródão se instalou.
Esta ave reproduziu-se pela primeira vez no seu 4º ano de vida (geralmente iniciam a reprodução entre o 3º e o 5º ano) e tem vindo a nidificar naquele local desde então.
A sua parceira actual não se encontra marcada, mas a anterior estava e num próximo post contarei mais em detalhe o que sei sobre os indivíduos deste casal.
Boas observações. Eu estarei a monitorizar outros casais de cegonha-preta e outras espécies e espero que depois contem o que se passou hoje. Até breve
Pude confirmar recentemente, e contando com o apoio de um fiel seguidor do site, o Jorge, do Arneiro, a anilha da cegonha-preta marcada com anilha de cor. Trata-se de um indivíduo que nasceu em 1999, num ninho não muito distante das Portas de Ródão (a 11 km para ser mais exacto) e que foi marcada por mim como cria não voadora, numa ninhada composta por 4 crias. É um macho.
Como suspeitava, é o mesmo que se encontrava a nidificar naquele local desde 2003, ano em que o casal das Portas de Ródão se instalou.
Esta ave reproduziu-se pela primeira vez no seu 4º ano de vida (geralmente iniciam a reprodução entre o 3º e o 5º ano) e tem vindo a nidificar naquele local desde então.
A sua parceira actual não se encontra marcada, mas a anterior estava e num próximo post contarei mais em detalhe o que sei sobre os indivíduos deste casal.
Boas observações. Eu estarei a monitorizar outros casais de cegonha-preta e outras espécies e espero que depois contem o que se passou hoje. Até breve
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Sinais de que o primeiro voo está próximo
A cria já consegue efectuar batimentos de asa que a elevam mais de um metro no ar. A plumagem está totalmente desenvolvida e tenho a certeza que já consegue voar. Agora compete aos progenitores estimularem-na a levantar voo. Por vezes observa-se que os progenitores recusam fornecer alimento à cria ou são muito relutantes em ceder a esses pedidos. Depois deslocam-se a voar e isso poderá estimular as crias a segui-os. Vamos estar atentos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)