Foram efectuadas várias questões relacionadas com a frequencia da alimentação da cria, da aparente escassez de alimento quando esta era mais quequena e da existência de alimentadores de aves necrófagas nas proximidades da colónia. Vou ver se consigo responder a tudo de uma assentada.
Os requisitos energéticos da cria aumentam à medida que cresce, ou seja, a quantidade de alimento que necessita diariamente vão sendo maiores à medida que cresce. Como referi num texto anterior, a disponibilidade de alimento para esta espécie é muito variável (numa situação natural), pois este ocorre de forma irregular no espaço e no tempo e é efémero, ou seja a duração de uma fonte de alimento é muito limitada. Os grifos, como outros abutres e muitas outras espécies de aves em que o alimento está disponível de forma idêntica (por exemplo muitas das espécies de aves marinhas) estão adaptados a esta limitação e possuem mecanismos que lhes permitem sobreviver, como acumularem reservas e poderem passar vários dias sem se alimentarem; outra adaptação e comerem grandes quantidades quando tem oportunidade para tal (no caso dos grifos, chegam a ter dificuldade em levantar voo, após uma grande refeição). Nos primeiros tempos de vida da cria a quantidade de alimento que necessita diariamente é relativamente pequena, embora seja necessária alguma regularidade na sua alimentação por parte dos progenitores, pois a sua capacidade de "jejuar" é muito limitada. Embora pareça que nos primeiros tempos os progenitores a alimentaram poucas vezes, o que aconteceu é que lhe forneceram alimento em quantidade e com regularidade suficiente para que se continuasse a desenvolver bem. Mais recentemente o apetite da cria aumentou significativamente e nesta fase parece que tudo o que os progenitores tragam é pouco, pelo que comerá sempre que os progenitores lhe tragam alimento. Nos primeiros dias após a saída do ninho, possivelmente iremos assistir a verdadeiras perseguições dos progenitores por parte da cria que insistentemente lhes irá pedir alimento. Estes acederão aos pedidos nas primeiras semanas, mas posteriormente dar-lhe-ão cada vez menos refeições, o que a forçará a procurar alimento por si própria, seguindo os progenitores ou outros elementos da colónia. Este é geralmente um dos períodos mais críticos na vida das crias, em que geralmente se observa uma maior mortlidade, pois muitos morrem nos primeiros meses por não conseguirem alimento suficiente.
Quanto à existência de alimentadores de aves necrófagas na região, não há nenhum em funcionamento nas proximidades. O único que está a funcionar regularmente encontra-se na serra da Malcata e é gerido pelo ICNB. No entanto, como nesta zona e nas regiões espanholas adjacentes a criação de gado é feita regra geral em regime extensivo, em que os animais que morrem por vezes não são encontrados de imediato pelos proprietários, antes destes activarem o sistema de recolha obrigatório, permite que os abutres se alimentem. Por outro lado toda a região do Tejo Internacional é muito rica em ungulados silvestres, nomeadamente veados e javalis, e estes também constituem uma fonte de alimento bastante importante.
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